susan cainO que Albert Einstein, Barack Obama, Chopin, Steven Spielberg, J. K. Rowling e Bill Gates têm em comum? A resposta é o sucesso, e a introversão. Pelo menos um terço das pessoas que nós conhecemos são introvertidas, Eles são aqueles que preferem escutar a falar, ler a ir a festas; que inovam e criam, mas não gostam de autopromoção; que se beneficiam trabalhando por conta própria mais do que em grupo. Embora sejam rotulados de quietos, é aos introvertidos que devemos muitas das grandes contribuições à sociedade.
O livro “O Poder dos Quietos” desmitifica a noção imposta pelo mercado de trabalho desde a década de 90 de conceitos muito batidos como do “trabalho em grupo” e de super valorização do indivíduo mega – super – hiper extrovertido. Com argumentos cativantes, uma pesquisa extensa e cheio de inesquecíveis histórias reais, O poder dos quietos mostra como os introvertidos são subvalorizados, e como todos perdem com isso.
Em minha vivência na área de RH sempre debati esse conceito com meus pares, penso que a idéia  de que o colaborador “precisa” saber trabalhar em grupo está sendo esvaziado, vejam, se relacionar bem com o colega é uma característica imprescindível, porém o que seria afinal “se relacionar bem” com os colegas de trabalho? Para alguns pode ser um alegre bom dia, para outros pode ser mais , além dos cumprimentos uma conversa amigável, estar sempre acessível entre outras coisas.
Partindo da ascensão do ideal de extroversão no século XX, Susan Cain questiona os valores dominantes no mundo empresarial de hoje, no qual a colaboração forçada pode bloquear o caminho da inovação e no qual o potencial de liderança dos introvertidos é frequentemente negligenciado, a autora nos apresenta histórias de introvertidos de sucesso e oferece conselhos sobre como os tímidos podem tirar vantagem das suas características.
São diversos casos de introvertidos de sucesso, no livro ela trata de 2 exemplos de grandes personalidades, uma introvertida ( Rosa Parks, que ficou famosa, em 1955, por ter se recusado frontalmente a ceder o seu lugar em um ônibus para um branco tornando-se o estopim do movimento que foi denominado Boicote aos ônibus de Montgomery o que posteriormente viria a marcar o início da luta contra a segregação racial nos EUA) e o famoso orador e líder do movimento Martin Luther King Jr.: um formidável orador recusando-se a ceder seu lugar em um ônibus segregado não causaria o mesmo efeito de uma mulher modesta que claramente preferiria manter-se em silêncio, não fosse o que a situação exigia. E Parks não teria o necessário para eletrizar uma multidão se tivesse tentado se levantar e anunciar que tinha um sonho. Mas com a ajuda de Martin Luther King, ela não precisou fazê-lo. Mesmo em ocupações menos óbvias para os introvertidos, como finanças, política e ativismo, alguns dos grandes saltos foram dados por eles. Figuras como Eleanor Roosevelt, Al Gore, Warren Buffett, Gandhi –e Rosa Parks– conquistaram o que conquistaram não “apesar de”, mas por causa de sua introversão.
Aí faço o seguinte questionamento aos colegas da área de RH: “Quantas vezes você deixou de contratar um candidato por o considerar introvertido”? Será que nesse filtro e nesse ideal de extroversão vigente não deixamos escapar grandes talentos”? Em minha experiência de Gestor de RH já me surpreendi com muitos, muitos candidatos, que demonstraram potencial acima da média conforme o tempo. Talvez seja hora de refletirmos sobre esses conceitos e dar maiores oportunidades aos “introvertidos” porque se lhes dizem que “ficam muito na sua cabeça”, uma frase muitas vezes utilizada contra os quietos e cerebrais é porque há outro nome para pessoas assim: pensadores.
Livro  “O Poder dos Quietos”, Susan Cain Editora Nova Fronteira – 2012.

Texto de André Mancuso publicado no Jornal da Cidade em 29/06/2013