De acordo com uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho, a implementação do trabalho à distância chega a 40% em alguns países. No Brasil, a modalidade tem crescido muito, tendo inclusive sido debatida na nova reforma trabalhista.

 

A flexibilidade em relação ao local de trabalho surgiu por meio do desenvolvimento de uma série de aparatos tecnológicos, que substituem muito bem práticas essenciais à rotina de qualquer empresa, até então exercidas apenas presencialmente. Softwares como Skype e Hangouts tornaram possível a realização de reuniões à distância. Aplicativos como Google Docs permitiram o trabalho simultâneo a quatro, seis, oito, infinitas mãos. Tecnologias como a nuvem permitiram o compartilhamento rápido e preciso de arquivos essenciais.

 

Somadas, essas tecnologias tornaram a presença física dispensável em muitas ocasiões. E isso caiu como uma luva na época em que vivemos. Afinal, o trabalho remoto soluciona, ao menos parcialmente, uma série de problemas da vida moderna, como a falta de tempo e o tráfego intenso das grandes cidades.

 

Além disso, ele também exerce um papel importante na criação de novas empresas que surgem com poucos recursos, como startups de tecnologia. Há muitos elementos que explicam o sucesso crescente do trabalho remoto, veja alguns deles a seguir.

As empresas economizam

Você já parou para pensar no volume de gastos que uma empresa tem apenas para manter uma sede? Aluguel, conta de energia e de água, compra de equipamentos e mobiliário, conta de internet, contratação de funcionários de limpeza… Pode parecer pouca coisa, mas, quando colocadas no papel, esses pagamentos acabam comprometendo uma parte importante do orçamento, que poderia ser destinado a outros setores.

 

Ao optar pelo home office, as empresas poupam boa parte desse dinheiro. Além disso, essa modalidade torna dispensável o pagamento de alguns benefícios, como vale-transporte e o vale-refeição.

Os profissionais demandam um trabalho mais flexível

Quem sai ganhando com o trabalho remoto, no entanto, não é só a empresa. Essa modalidade também é uma resposta à demanda de muitos profissionais, principalmente mais jovens, que desejam um horário de trabalho mais flexível.

O tempo de deslocamento diminui

De acordo com dados do IBOPE, o paulistano passa em média 2 horas e 58 minutos por dia no trânsito — o equivalente a um mês e meio por ano. Embora São Paulo seja particularmente conhecida pelos engarrafamentos, essa realidade não é distante do que acontece em outras capitais e grandes centros. Mesmo em cidades de pequeno e médio porte, profissionais tendem a gastar ao menos meia hora para chegar ao trabalho.

O funcionário pode usar as próprias ferramentas

Pode parecer um detalhe, mas principalmente entre os profissionais de áreas como tecnologia e comunicação, a possibilidade de utilizar os próprios equipamentos e ferramentas faz toda a diferença. No trabalho remoto, isso é possível: o profissional pode usar seu próprio computador, com as configurações que ele julga necessárias, optando pelos softwares de sua preferência.

Aumenta a produtividade

Por último, o aumento de produtividade é um dos principais motivos que transformaram o trabalho remoto em uma tendência. Uma série de estudos trazem resultados positivos. De acordo com o instituto Gallup, por exemplo, funcionários que trabalham parcialmente em modalidade home office produzem por mais horas e apresentam maiores índices de engajamento no serviço.

5 Mitos sobre trabalhar em casa

Ainda que o home office esteja se tornando cada vez mais comum no Brasil e no mundo, ainda há uma série de mitos que levam diversas empresas a evitar essa prática. Confira alguns deles e descubra se são mesmo verdade.

1. Os funcionários podem ser desonestos fora do escritório

Os profissionais podem ser desonestos em qualquer lugar. Você pode prender uma pessoa dentro de um escritório durante todo o expediente e, mesmo assim, ela pode não cumprir as suas funções. Lembre-se: não é o ambiente que faz as pessoas serem desonestas, mas as suas atitudes.

2. Empregados que trabalham em casa são mais difíceis de serem encontrados

Com as novas opções de tecnologia no mercado, isso não é verdade. Você pode muito bem trabalhar em casa e conversar com o seu chefe via smartphones, tablets e laptops. Assim como no escritório, os funcionários ficam disponíveis em todos os momentos.

3. Os funcionários não conseguem se comunicar com outras pessoas na empresa

Mais uma vez, as tecnologias de comunicação estão disponíveis para essa finalidade. Para manter todos os funcionários conectados, você pode usar um telefone, mídias sociais, Skype, Google Hangouts ou qualquer tecnologia para reunião virtual. Além disso, as reuniões on-line tendem a ser mais produtivas, já que todos estarão focados em um objetivo, o que não costuma acontecer nas frequentes reuniões de empresas.

4. Os funcionários não podem participar de brainstorms

Esqueça esse conceito de que as melhores decisões ou ideias vêm da cafeteria do escritório. Um brainstorming pode acontecer em qualquer lugar. Na verdade, os melhores ambientes para se realizar esse tipo de reunião são fora do ambiente de trabalho.

5. Os profissionais trabalham menos horas

Os funcionários que trabalham em casa não têm o seu tempo controlado e, na realidade, acabam trabalhando mais horas do que os outros. Além disso, como já dissemos anteriormente, várias pesquisas indicam que esses trabalhadores são mais produtivos.

O trabalho remoto ou teletrabalho no Brasil

Até pouco tempo, esta forma de trabalho não era comum no mercado brasileiro, ainda muito tradicional. Era possível encontrar algumas empresas que admitiam o trabalho remoto, mas era uma prática mais restrita ao ramo de Tecnologia da Informação (Informática).

 

Ainda em 1999, foi fundada no Brasil a Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATT), uma sociedade civil sem fins lucrativos com objetivo de disseminar as formas de trabalho à distância. Hoje, com vinte anos de atuação, a SOBRATT já lançou sua terceira pesquisa sobre o trabalho remoto no país.

 

Observando os dados dessa pesquisa de 2018, podemos perceber como está a realidade do mercado brasileiro quando o assunto é trabalho remoto:

 

  • A região sudeste concentra 80% das empresas que adotam o trabalho remoto;

  • O setor de TI, Telecom e serviços é responsável por 32% das vagas remotas no país;

  • 70% das empresas implementam a prática de trabalho remoto com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos empregados;

  • A maioria das empresas (52%) condiciona a concessão do trabalho remoto ao cargo ocupado, sendo a maior parte destinada aos cargos de chefia (45% para diretores e 31% para coordenadores);

  • A jornada de trabalho destes empregados, em 66% das empresas, é flexibilizada, mantendo uma carga de trabalho, mas com os horários de jornada flexíveis.

O que a lei diz no Brasil sobre trabalhar remotamente

Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 (Reforma Trabalhista) promoveu alterações profundas no texto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Uma das inovações legislativas que trouxe foi a disciplina do que chamou de teletrabalho, mas que é mais conhecido por trabalho remoto ou home office.

 

Agora, a CLT, entre seus artigos 75-A até 75-E, traz todo o regramento da matéria, a começar pela sua definição. De acordo com o legislador brasileiro, o trabalho remoto consiste no desempenho das tarefas laborais fora das dependências do empregador, se valendo do uso das modernas tecnologias de informática e comunicação.

 

Essa modalidade, para ter respaldo jurídico, deve constar expressamente do contrato de trabalho junto com a especificação de suas atividades. Para tanto, basta apenas o acordo entre empregador e empregado para implementação desta alteração, sem necessidade de qualquer intervenção estatal.

 

É preciso lembrar ainda que, embora muitos profissionais trabalhem remotamente com contratos regidos pela CLT, um grande número de profissionais que trabalha em casa se encaixa na categoria de freelancer, ou seja, são autônomos que não possuem carteira assinada e não desfrutam dos benefícios oferecidos pela CLT.

Quais profissionais podem trabalhar em casa?

Na teoria, qualquer profissional pode optar por trabalhar em casa. Algumas profissões, porém, não são muito adequadas para o trabalho remoto. Ainda não inventaram uma tecnologia que permita a um cirurgião operar um paciente enquanto toma um café no sofá de sua casa, por exemplo. Já outras ocupações combinam bastante com o home office. Confira algumas delas.

Telemarketing

Muitas empresas contratam profissionais de telemarketing para realizar vendas e atendimento a clientes por telefone ou chamada de vídeo, do conforto de suas casas. Os principais requisitos para desempenhar este teletrabalho é ser atencioso e paciente com os clientes, ser bom em resolver problemas e ter dons comerciais e comunicativos. Experiência na área é um bom diferencial.

Fonte: Unviersia Brasil