Os avanços tecnológicos na medicina, nos meios de transporte e na forma de se comunicar, combinados à diminuição da taxa de natalidade e ao aumento na expectativa de vida dos brasileiros, provocaram um envelhecimento significativo na população do país nas últimas décadas.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se, ainda, que o número de pessoas acima de 60 anos atinja cerca de 33% do índice demográfico em 2060.

Devido à situação política e econômica do país, atualmente, muitos profissionais maduros desejam continuar em seus cargos e outros tantos buscam se reinserir no mercado de trabalho. Essa realidade está obrigando as empresas a transformar sua relação com pessoas acima de 60 anos. A novidade também atinge os trabalhadores mais jovens que estão aprendendo cada vez mais a lidar com as divergências de mindset no ambiente profissional.

Tantos desafios, muitos ainda incertos, têm provocado uma recente valorização do conhecimento sobre gestão de diferentes gerações. Agora, as organizações precisam implementar novas políticas de inclusão que identifiquem oportunidades e desenvolvam uma nova mentalidade profissional. No âmbito da gestão de pessoas, o treinamento ideal desses profissionais diversificados é o ponto-chave para a integração necessária ao bom funcionamento das instituições.

Para o escritor e mentor da geração millenial, Sidnei Oliveira, as classificações geracionais surgiram nos últimos anos como conceitos didáticos para explicar diferentes tipos de expectativas e comportamento entre os colaboradores. “A ideia não é estabelecer características genéricas ou estereotipadas. O amadurecimento desse debate vem demonstrando que, no mundo corporativo, podemos diferenciar os profissionais em veteranos (baby boomers e geração X) e novatos (gerações millenials/Y e Z) com características marcantes”, comenta Oliveira.

Oliveira explica que os veteranos têm como vantagens a experiência e o conhecimento tácito, o que os permite alcançar resultados com mais segurança e menos possibilidades de falhas. As desvantagens estão justamente nas crenças de infalibilidade da experiência e na resistência em aceitar novos aprendizados, o que os tornam vulneráveis em um mundo em intensa transformação. Já os novatos, por serem hiper-nutridos de informações, possuem grande intimidade com a tecnologia e acessam referenciais com maior agilidade e amplitude, o que gera maior capacidade de resultados nessa nova era. A tendência de adotarem o caminho da superficialidade diante disso, no entanto, torna o novato mais frágil em relação aos desafios, e consequentemente, menos resistentes às renúncias e frustrações.

A especialista em comportamento do trabalho Daniele Lago acredita que a geração não é caracterizada de acordo com o ano em que uma pessoa nasce, mas pela forma de pensar. “Há indivíduos com idade cronológica avançada que são de gerações mais recentes, porque são capazes de pensar e agir de maneira mais condizente à atualidade e vice-versa”, opina.

Ela defende que a principal forma de resolver conflitos de gerações no ambiente de trabalho é o desenvolvimento da empatia. “As pessoas precisam se colocar no lugar do outro, entender as dificuldades e os dilemas de cada geração e como cada um enxerga o mundo. É preciso trabalhar para os colaboradores validarem o diferente. Todos possuem algo a contribuir”.

A responsabilidade do RH no treinamento e na gestão desses diversos tipos de pensamento é fundamental. Para Sidnei, a promoção e retenção do conhecimento tácito é o principal responsável pelo resultado da empresa. “Nessa nova realidade o RH assume, cada vez mais, um papel estratégico como orquestrador dos talentos e das lideranças, mapeando competências essenciais e identificando os potenciais líderes de pessoas e projetos que o futuro exigirá. Não promover a gestão do conhecimento é um dos principais equívocos que pode se cometer, pois muita experiência se perde sem essa gestão e isso gera custos de retrabalhos e falhas”, disse o escritor.

Novas linguagens e tecnologias

“É evidente que a linguagem atual foi muito alterada pelos mecanismos sociais tecnológicos, portanto, o seu uso se torna indispensável. Treinamentos interativos, que utilizam a tecnologias de aplicativos em smartphones permitem o aprendizado no tempo de cada indivíduo, independente de sua geração”, aconselha Sidnei. Segundo ele, eventos presenciais focados em estudos de casos e simulações com aplicação prática de conceitos têm representado um eficiente modelo híbrido de treinamento hoje em dia.

O uso da tecnologia, de acordo com o escritor, é sempre benéfico no treinamento de diferentes gerações. Com os aparelhos e programas eletrônicos se tornando cada vez mais intuitivos, há uma rápida absorção do conteúdo e conhecimentos, independente de qual grupo geracional o indivíduo pertença. “Atualmente não há uma grande diferença na curva de aprendizagem entre um jovem e um veterano, isso permite que a tecnologia seja implementada com muita velocidade”, conta.

 

Fonte: Rh pra Você