Maria-Eduarda-Silveira-Bold-HR-002

Passamos boa parte do dia no trabalho e vivenciamos os altos e baixos o tempo todo

Nas últimas semanas, muito se falou sobre o quiet quitting e, como headhunter, sinto que seria praticamente impossível passar indiferente a este tema. O devido entendimento de conceituação deve ser feito e, em certa medida, não acho tão incompreensível a origem deste movimento.

GIF Sertec_JackelyneB_300x300Numa era na qual o burnout foi incorporado como doença ocupacional, dá para entender muito bem a busca por preservar limites no emprego. Inclusive, o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é tão natural quanto esperado. Nada pode ser pior para a saúde mental do que um ambiente tóxico, com cobranças desmedidas e uma carga exaustiva de trabalho. Pior ainda quando somam-se a isso outras questões graves, como o assédio, que, infelizmente, sabemos que existe.

Porém, também sabemos que existem ótimas empresas no mercado. Independentemente de porte ou ramo de atuação, há organizações que se preocupam verdadeiramente com os colaboradores e procuram estimular uma cultura interna que valorize a atuação deles, assim como a vida privada de cada um, tendo clareza de como o tempo fora das horas comerciais é fundamental para uma vida plena, produtiva e criativa.

Na função de headhunter, tenho certa dificuldade de acreditar que uma companhia irá recrutar alguém que dê o mínimo de si e não leve em consideração o contexto todo do trabalho e do seu próprio desenvolvimento, a ponto de colocar em cheque a possibilidade de poder contar com essa pessoa Tenha o RH Estratégico que sua Empresa precisa! (200 × 150 px)quando necessário, podendo, inclusive, prejudicar outros colegas do time. Além disso, as empresas possuem instrumentos de avaliação de desempenho e é a partir dessas avaliações que os profissionais são promovidos e recebem seu bônus por desempenho. Também é importante ressaltar que promoções e bônus são reconhecimentos oferecidos para profissionais que entregam além da média, ou seja, como profissionais que fazem o mínimo estarão aptos para avançar na trilha de carreira se não se abrem para fazer além do seu job description?

Não estou dizendo aqui que é preciso trabalhar horas e horas ou ignorar ambientes insalubres de trabalho. Mas precisamos dar luz a uma perspectiva maior de carreira, de aprendizado e de desenvolvimento profissional que é natural de toda e qualquer carreira.

bloggif_62d819408607eMinha verdadeira preocupação com o discurso do quiet quitting vai além do ambiente do trabalho pura e simplesmente. Ao colocarmos as coisas em perspectiva e olharmos uma trajetória de carreira, qual grau de satisfação uma pessoa que adota este tipo de postura está tendo com a sua vida profissional?

É claro que estipular combinados e ter clareza das responsabilidades do seu cargo é importante e precisa fazer parte de toda contratação.  Mas, até mesmo pelo próprio nome dúbio deste movimento, o discurso vem sendo popularizado de forma a incentivar, de alguma forma, que as pessoas simplesmente ajam com indiferença perante o trabalho que realizam. Isto faz com que eu me questione como essas pessoas pretendem se posicionar em relação à carreira e quais perspectivas elas possuem para si. Você realmente gosta daquilo que faz? Qual impacto pretende gerar? Você ficará feliz ou frustrado com os resultados das suas ações no futuro?

GIF-200x150Passamos boa parte do dia no trabalho e vivenciamos os altos e baixos o tempo todo. Há momentos de stress, há momentos de pressão, há problemas que precisam ser resolvidos e estes são os princípios básicos de toda função corporativa, que é recompensada de inúmeras outras formas, seja pelo sentido de propósito, pela remuneração, pelas conexões feitas, pelos aprendizados e experiências que vão sendo acumulados, entre muitos outros.

Construir uma trajetória profissional leva tempo, paciência e dedicação. Como mulher empreendedora, não acredito que fazendo o mínimo será a forma que realizarei minhas conquistas e sonhos profissionais. Obviamente, não espero que todos compartilhem dos mesmos objetivos de vida que eu, mas, se você sequer considera o pensamento de dar o mínimo, talvez seja hora de rever as suas escolhas e buscar novos propósitos na sua carreira.

Por Maria Eduarda Silveira, CEO da consultoria de recrutamento especializado e desenvolvimento organizacional BOLD HRO

Fonte: Mundo RH