pokemon-pokemon-go-phone-game-159395.jpeg
Foto por Pixabay em Pexels.com

Líderes de RH expõem necessidade de programas que tornem mais agradável o retorno ao escritório e que ajudem os colaboradores a retornar à melhor forma física

Painéis do 2º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelas Plataformas Melhor Rh e Negócios da Comunicação no início de junho, discutem heranças pós-covid no retorno ao trabalho presencial e implementação do trabalho híbrido. O presenteísmo (quando se está no trabalho, mas sem de fato ligar-se plena e mentalmente à atividade desenvolvida) e o sedentarismo surgem como problemas a serem administrados, com impactos na produtividade e saúde mental e física dos profissionais. Líderes de RH expõem necessidade de programas que tornem mais agradável o retorno ao escritório, imprimindo maior propósito à atividade presencial, além de iniciativas que ajudem os colaboradores a retornar à melhor forma.

GIF Sertec_JackelyneB_300x300Lívia Borela, Diretora de Recursos Humanos da BRK Ambiental; José Antonio Coelho Junior, Gerente Executivo de Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente da CCR, e Mauricio Cerqueira de SouzaGerente de Saúde Brasil e A. Latina da Shell trouxeram suas experiências em equilibrar saúde mental e retorno aos prédios da companhia e enfrentar o FORTO (Medo de retornar ao escritório) jargão já conhecido dos gestores desde meados da pandemia. Situação evidente pelo fato de que, nos últimos dois anos, nossos cérebros foram condicionados a entender que encontrar outras pessoas é perigoso – inclusive com o potencial de matar. Além disso, o desgaste com a apresentação pessoal e deslocamento tornaram-se incômodos para alguns profissionais.

Lívia reconhece a realidade FORTO e aponta que, na BRK, tiveram que tratar, primeiro, o  medo dos colaboradores de ficar em casa e lidar com a falta de estrutura para o trabalho on-line e a sobreposição entre ambientes doméstico e de trabalho. Psicólogas acompanharam essas dificuldades e a saúde mental dos colaboradores como um todo, observando problemas nas relações conjugais, na lida com o homeschooling dos filhos e outros surgidos do isolamento social, indo além das questões corporativas.

A executiva ressalta que esse trabalho se estendeu ao período pós-pandemia, destacando que o retorno ao presencial, bem gerido, poderá recuperar aspectos importantes que se perderam com o home office e o isolamento.  Lívia cita necessidade das agendas de todas as empresas incluírem discussões sobre os novos espaços de trabalho, o novo propósito dos escritórios. “Não podemos ter extremos, remoto não vai funcionar pra todo mundo”, daí a necessidade de se adotar um programa que suporte o modelo escolhido de trabalho em suas especificidades, colocando a saúde mental do colaborador no centro das atenções.

Já Souza reconhece que “não adiantava abordar a realidade da covid na base de pessoas ou colaboradores, era preciso tratar sobre famílias”. Observou que, na operação da Shell, trabalhadores estavam mais presentes e educados com relação à prevenção da Covid. “Nem sempre as pessoas isoladas em casa estavam mais protegidas”, constatou o executivo. Famílias tinham suas dinâmicas específicas e, muitas vezes, a Covid surgia por outra causa que não a exposição dos próprios colaboradores em suas atividades presenciais.  “Quanto mais se protegia da Covid, mais se afastava a saúde mental”, observou, também, Maurício.

Coelho Júnior, por sua vez, cita o trabalho estruturado para ter um diagnóstico preciso de saúde mental e físico dos colaboradores na CCR, empresa em que os colaboradores estão bem espalhados geograficamente entre suas zonas de concessão e unidades da companhia. O Perfil Saúde dos colaboradores começou a ser delineado em  2017, com 76% de adesão. Em 2019, índice chegou a 90%, subindo para 91% em 2021.

GIF-200x150Com esse trabalho, identificou-se que a persona com problema psicológico declarado (quadros de stress, ansiedade e depressão) tem um perfil feminino, está acima de 30 anos, não tem filhos, não carrega  problemas financeiros – e não tem histórico de atestado em 20% dos casos. “Quem declara já trata, já consegue lidar com o desafio. Quantos outros ainda estão numa zona cinzenta, numa penumbra, que a gente ainda não identificou, e que vão desenvolver transtornos nesse processo de volta?”, analisa o executivo.

Com o levantamento, constatou-se, também, que houve aumento de 10% a 15% em problemas de saúde mental em certas funções administrativas e operacionais. “Muita gente está sofrendo ou vai sofrer e não se tem ideia”, ressalta Coelho Júnior, certo de que tema deve ser abordado constantemente daqui por diante.

bloggif_62d811f09950bDistâncias encurtadas, jornadas estendidas

Se de um lado a sigla FORTO entrou no jargão das lideranças, por outro, o termo “dor nas costas” cresceu 76% nas buscas desde o início da pandemia, segundo dados do Google Trends. O fato é consequência direta da necessidade de isolamento social que complicou ainda mais as taxas de sedentarismo ao redor do mundo. No cenário local, 47% dos brasileiros não chegam nem perto de praticar a quantidade de atividade física semanal recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Agora é o momento de correr atrás do tempo perdido e as equipes de RH têm papel fundamental no estímulo e conscientização das equipes sobre a importância da atividade física.

Melissa Almeida, Diretora Técnica da Fitcorp Saúde Corporativa; Patricia Alexandre, Gerente de Operações de RH da KAVAK, e Yuri Doria, Gerente de Gente e de Gestão do Unimed-Rio discutiram o tema e apontaram causas do problema e caminhos para solucioná-lo com a ajuda das organizações.

Gif site (180 x 180 px) (1) (1)Doria, um indivíduo super ativo, conta que ele próprio sentiu ansiedade ao não praticar suas atividades esportivas rotineiras na pandemia. Outros colaboradores da Unimed-Rio também se sentiram da mesma forma, mas a questão nem era só o isolamento necessário. “Tinham dificuldade em deslogar às 18h, pois queriam mostrar que trabalhavam de verdade em home office”, relata o executivo, revelando a dificuldade dos gestores em entender a gestão a distância pautada em produtividade, não controle, na rotina da companhia.

Para melhorar essa situação, houve uma redução da jornada em home office e, depois, na jornada do trabalho híbrido. O executivo explica sobre a  parceria da empresa com o aplicativo  MUDE – que oferece agendamento de atividades físicas diversas como YOGA, e a  adesão significativa dos colaboradores  ao programa Mude no Hábito. A partir dessa iniciativa foi possível obter o indicador de sedentarismo na companhia, e indicador de saúde mental vem sendo produzido em parceria com outra empresa, num acompanhamento constante da saúde integral dos funcionários.

bloggif_62d819408607eMelissa explica que não só as pessoas deixaram de praticar esportes, como se tornaram menos ativas de modo geral, suprimindo trajetos corriqueiros (ao banheiro, refeitório, à sala de reuniões, de casa para o trabalho e vice-versa), bem como passeios com o cachorro, dentre outras possibilidades de estarem ativas fisicamente.

Essas atividades de alguma forma mantinham os indivíduos acima do seu nível basal e proporcionavam algum gasto calórico. Com a sua supressão, não foi incomum o aumento da obesidade e da queixa de dores generalizadas entre as pessoas. Nas empresas, ela percebe, agora, um maior apoio das lideranças na implementação de programas de combate a esse sedentarismo. O que considera essencial.

Já Patrícia destaca que há  empresas com ótimos projetos, mas lembra que muitas estão achando que tudo vai voltar a ser como era antes, não empreendendo esforços em atentar-se mais intensamente à saúde integral dos colaboradores. Para mudar esse quadro, ela também acredita que o papel da liderança é fundamental. “O que a alta liderança compra, a gente vai cascateando e levando para toda a empresa”, afirma. “Precisamos mostrar que também o líder está sedentário, precisando de ajuda”, entende, ainda, a executiva.

Fonte: Melhor RH