
A empresa utiliza métodos controversos de controle do trabalho de seus empregados; armazéns da companhia tornaram-se líderes em acidentes com trabalhadores nos EUA
O jornal The New York Times publicou um longo perfil da Amazon, com entrevistas com trabalhadores e antigos diretores administrativos da empresa. Além de analisar o poder logístico da companhia de Jeff Bezos, a matéria mostra como a empresa de entregas de varejo utilizou políticas corporativa controversas para controlar o trabalho de seus funcionários.
O ex-vice-presidente da Amazon, David Niekerk, que ajudou a formular o sistema de administração dos armazéns da empresa, afirmou ao jornal The New York Times que Bezos acredita que todo trabalhador seja inerentemente preguiçoso.
O jornal norte-americano também comentou que o bilionário recuou na construção de um novo armazém da Amazon em Nova York porque o magnata considera a organização sindical como uma terrível ameaça. Um sindicato de trabalhadores do varejo havia sinalizado que os trabalhadores do depósito JKF8 da companhia seriam os primeiros a se organizar, mas a proposta fracassou antes de ser realizada.
O modelo de empresa sonhado por Bezos seria de rígidos controles sobre seus funcionários, já que o empresário pensa que a força de trabalho mobilizada seria a receita para “a marcha da mediocridade”, como apontou Niekerk ao The New York Times.
O ex-vice-presidente da Amazon também tentou explicar a forma de pensar de Bezos. “O que ele diria é que nossa natureza como humanos é gastar o mínimo de energia possível para conseguir o que queremos ou precisamos”.
Outras práticas questionáveis relatadas por Niekerk estão o padrão empregatício de curto prazo, a utilização de tecnologias para controlar o trabalho dos empregados e a não garantia de aumentos salariais após três anos de contrato. Esse último paradigma seria a forma encontrada para estimular a auto demissão dos funcionários.
Altas metas de produtividade e pausas limitadas de descanso são outras ferramentas controversas utilizadas pela Amazon como meio de manter a atividade laboral de seus trabalhadores. A companhia também chega a demitir funcionários que tenham um único dia de baixo rendimento.
Todas essas questões levaram os empregados da Amazon a relatar ao jornal norte-americano que eles se sentiriam equiparados a máquinas. Em um relatório interno da empresa no ano passado, um trabalhador escreveu que: “nós somos seres humanos. Não somos ferramentas utilizadas para atingir os objetivos e taxas diárias ou mensais” de produtividade.
Os modelos questionáveis de controlar o trabalho dos empregados tornaram recordistas os armazéns da Amazon em números de ferimentos de seus funcionários.
No início deste mês, o jornal Washington Post também fez uma reportagem sobre os métodos questionáveis de rendimento empregatício utilizados por Bezos. De acordo com a publicação, por meio de pesquisa realizada pela Administração da Saúde e Seguridade Ocupacional, há o dobro de chances de um trabalhador dos armazéns da Amazon se ferir quando se comparado com colegas de função do Walmart.
Em abril, Bezos anunciou a destinação de US$ 300 milhões para tornar os depósitos da empresa mais seguros, dizendo que sua empresa procurava “fazer o melhor trabalho” para os seus empregados.