No último dia 9 de Novembro, Rogério Ceni firmou mais um ano de contrato com o São Paulo Futebol Clube e alegrou milhares de fãs pelo Brasil, como são-paulino que sou, poderia me considerar suspeito para falar de um dos maiores ídolos (se não “o” maior) da história do meu clube do coração, mas as passagens, exemplos e lições que ele tem nos deixado simplesmente têm muita semelhança com conceitos e comportamentos ligados a rotina de profissionais de RH, categoria a qual eu me enquadro com muito orgulho e amor.

DISCIPLINA

Quem é profissional de RH sabe: Precisa pregar e   viver em um regime de Disciplina constante: nos estudos, na atualização, em nosso comportamento (somos “espelho”) e na paciência de sabermos qual a melhor hora para tomarmos nossas iniciativas, nunca podemos nos precipitar

Após chegar do Sinop time do interior do estado de Mato Grosso, onde dividia as atribuições de 3º goleiro desse time com o trabalho de escriturário no Banco do Brasil teve em 1992 após a fatídica morte do goleiro Alexandre num acidente de carro, teve uma promoção a terceiro goleiro do time profissional. Espelhava-se no titular Zetti, praticava exaustivamente os fundamentos da profissão de goleiro, aguardando pacientemente por cerca de 6 anos ( 6 anos!! Que tal isso hein Geração Y??) a sua efetivação como 1º goleiro do SPFC.

A disciplina acompanha Rogério até os dias atuais, sendo sempre o primeiro a chegar e último a sair do campo nos treinamentos, religiosamente também pratica suas magistrais cobranças de falta que o fizeram famoso em todo o mundo e entrar para a história do futebol.

AUTOCONFIANÇA

Nos momentos difíceis nas Organizações, quando parece que tudo vai dar errado, nós “RH” precisamos chamar a responsabilidade em muitos momentos, acreditar em nossas idéias e convicções e fazer “a coisa” acontecer, sobretudo porque os colaboradores nos olham como referência.

O goleiro do SPFC jamais se eximiu de responsabilidades, de cobrar um pênalti, de dar uma entrevista quando tudo deu errado, de chamar para si sua responsabilidade de capitão da equipe, quando uma jornalista fez uma afirmação leviana sobre sua pessoa não teve receio e ligou no programa ao vivo para se manifestar, ameaçou levar o assunto à justiça, o fez e obteve ganho de causa.

PROFISSIONALISMO

Gostar do que se faz, desenvolver uma relação de respeito e carinho por onde trabalhamos, são sentimentos antigamente traduzidos como: Amor  a camisa, é quando nosso sentimento para com o lugar  em que  trabalhamos se torna algo parecido com o Amor.

Seu profissionalismo , dedicação ao clube e o carisma que tem junto a torcida são destaques que marcam a carreira do jogador, e determinantes para ter recebido o slogan: “Todos têm goleiros, só nós temos Rogério Ceni”.  Por diversas vezes o atleta afirmou não se ver jogando em outra equipe no Brasil, quando questionado sobre Seleção Brasileira sempre afirmou: “minha seleção é o São Paulo”!

Que empregador não gostaria de ver tamanha dedicação em um de nós?

RESILIÊNCIA

Segundo Eduardo Carmello em seu inspirador livro Resiliência: “Para um resiliente, o protagonista não é a mudança e, menos ainda a adversidade”.

Os profissionais de RH sabem e já se viram diversas vezes em situações as quais precisaram promover mudanças e driblar as adversidades.

Lesionado, tratou-se em tempo recorde, diversos jornalistas apontaram o final de sua carreira devido a gravidade da lesão, Rogerio, em silêncio e resignado continuou  indo ás árduas sessões de fisioterapia religiosamente, domingos, feriados enfim sempre foi visto e fotografado com o semblante sério, concentrado na sua rotina  mas sempre de cabeça erguida e confiante, assumiu o compromisso de que voltaria a jogar antes dos prazos dados pelos médicos, foi lá e o fez!

PERSONALIDADE

Eu penso e prego  que o profissional de RH deve deixar sua “marca”, não pode ser passivo, neutro e apagado, precisa dar sua opinião, expor o que pensa com transparência e honestidade MESMO QUE nossos superiores não gostem do nosso ponto de vista, o recado tem que ser dado!

Ceni Participou de 17 partidas pela Seleção Brasileira , porém não obteve,  o mesmo sucesso que conseguiu no São Paulo Futebol Clube. Como titular, estreou na Copa das Confederações em 1997 na Arábia Saudita. Mas, ainda assim, se indispôs com o então técnico, Zagallo. O goleiro reclamou da “brincadeira” de outros jogadores de, sem permissão, cortar o cabelo dos colegas. O Velho Lobo viu “falta de espírito de grupo”, ora esperem aí! Você imagine um bando de marmanjos entrar no seu alojamento na calada da noite e raspar a sua cabeça sem qualquer justificativa plausível, brincadeira estúpida digna dos repugnantes trotes de faculdade, Rogério foi o único a se opor, inclusive publicamente sobre o fato. Quem tiver uma oportunidade de assistir uma preleção do goleiro que veja se ele não é “de grupo”.

Em partida recente do Campeonato Brasileiro, um goleiro ainda novato na titularidade levou um gol por falha e viveu uma partida infeliz, Rogério Ceni não hesitou em cruzar o campo e lhe dar palavras de incentivo.

Jogador de futebol TEM QUE  gostar de pagode? Rogério não curte, é fã de rock, votar no PT está na moda? Rogério foi de Serra sem problema algum, Novela das 9 fez um sucesso danado? Ele sequer sabe quem foram os personagens. Isso também é um ensinamento importante pois o RH não tem que ser um Departamento dedicado a “fazer média” com os colaboradores, ele tem de ser justo mas alinhar necessidades da empresa também, isso vale para os profissionais da área também pois saibam que em todos os níveis hierárquicos, o colaborador sabe detectar sinceridade e autenticidade!

Enfim RH’s para deixar uma marca, um legado na empresa onde trabalhamos que tal aprender um pouco com o sr. Rogério Mücke Ceni?