
Ambiente acolhedor e inclusivo nas empresas pode aprimorar a experiência dos candidatos, fortalecer a cultura organizacional e reter talentos
A humanização nos processos seletivos vem sendo, cada vez mais, debatida por especialistas do setor de recursos humanos. Muitas seleções ainda são marcadas pela falta de transparência, comunicação ineficaz e pouca consideração pela jornada dos profissionais. Segundo levantamento da consultoria McKinsey & Company, organizações que adotam práticas mais inclusivas e humanizadas no recrutamento têm 25% mais chances de superar concorrentes em desempenho financeiro.
Para garantir uma experiência positiva aos candidatos, o respeito e a comunicação clara ao longo de todas as etapas do processo seletivo são fundamentais. De acordo com um levantamento do Infojobs, 62% dos candidatos afirmam que uma boa experiência aumenta seu interesse em trabalhar na empresa, e 98% se lembram das companhias que ofereceram um processo seletivo positivo. Já o relatório “The State of the Candidate Experience”, da CareerArc, revela que 72% dos candidatos que tiveram experiências negativas compartilharam essa vivência em redes sociais ou com conhecidos.
Para Andréa Mariano, Head de Educação e Empregabilidade da Refuturiza, ecossistema pioneiro a unir empregabilidade à educação, a humanização no recrutamento não é apenas um diferencial, mas uma necessidade. “A candidatura humanizada começa com o respeito e a empatia pelo candidato. Isso significa garantir uma comunicação clara, promover diversidade e inclusão e oferecer feedbacks construtivos ao longo do processo”, afirma a especialista.
Outro ponto essencial para um processo seletivo justo e eficaz é a avaliação ampla dos candidatos, considerando não apenas suas habilidades técnicas, mas também as comportamentais. Segundo Mariano, essa abordagem torna o recrutamento mais eficiente e inclusivo. “Ao realizar uma avaliação abrangente, é possível enxergar o potencial de cada candidato e diversificar os perfis dentro da empresa, garantindo oportunidades para todos. Esses elementos tornam o processo seletivo mais humano e eficaz, beneficiando tanto os candidatos quanto a organização”, enfatiza.
Sobre a importância da valorização da participação do candidato, Andréa Mariano reforça: “É crucial ter uma comunicação clara sobre cada etapa do processo seletivo, incluindo o retorno das fases, a descrição detalhada das exigências do cargo, a transparência sobre os projetos que o candidato assumirá caso seja aprovado e a clareza sobre a cultura da empresa e o clima organizacional. Isso permite que ele avalie, inclusive, se realmente deseja fazer parte daquele ambiente.”
Como tornar o recrutamento mais humanizado?
Para transformar a experiência dos candidatos e garantir processos mais eficazes, a Head de Educação e Empregabilidade da Refuturiza recomenda algumas estratégias fundamentais:
Transparência e clareza: divulgar descrições detalhadas das vagas, critérios de seleção e prazos para cada etapa do processo.
Feedback contínuo: oferecer retornos construtivos aos candidatos, independentemente do resultado.
Acolhimento e empatia: criar um ambiente respeitoso e acessível para entrevistas, tanto presenciais quanto online.
Inclusão e diversidade: adotar políticas para eliminar vieses inconscientes e ampliar oportunidades para diferentes perfis profissionais.
Uso da tecnologia com propósito: utilizar inteligência artificial para otimizar o processo seletivo, sem perder a personalização e humanização no contato com os candidatos.
O uso responsável da tecnologia em processos seletivos
Com o avanço das ferramentas de inteligência artificial (IA), a automação de etapas do recrutamento se tornou uma realidade em diversas empresas. A triagem de currículos, por exemplo, passou a ser realizada por algoritmos que identificam palavras-chave, o que agiliza o processo, mas também levanta preocupações sobre a exclusão automática de candidatos qualificados por critérios excessivamente rígidos ou pouco contextuais.
Quando bem aplicada, a tecnologia tem o potencial de tornar os processos seletivos mais eficientes e, paradoxalmente, mais humanos. Isso ocorre porque a IA pode assumir tarefas repetitivas — como o envio de confirmações de recebimento de currículo, o agendamento de entrevistas ou a triagem inicial — liberando os recrutadores para se dedicarem a interações mais empáticas e estratégicas com os candidatos.
Para a Head de Educação e Empregabilidade, a tecnologia pode ser uma aliada da humanização nos processos seletivos. “A tecnologia, especialmente a IA, pode humanizar o recrutamento automatizando tarefas repetitivas e fornecendo feedback personalizado. No dia a dia, a IA melhora a eficiência, responde a dúvidas rapidamente e identifica necessidades de treinamento. Isso promove um ambiente de trabalho mais inclusivo e produtivo, alinhando colaboradores com a cultura e objetivos da empresa. No entanto, é essencial equilibrar a automação com a interação humana, garantindo que as pessoas continuem sendo o foco principal, valorizadas e respeitadas em todas as etapas do processo”, afirma a especialista.
Nesse sentido, é fundamental que empresas não utilizem a tecnologia apenas como um filtro automático, mas como uma ferramenta estratégica para ampliar o alcance, a inclusão e a eficiência dos processos de recrutamento. A escuta ativa, o acolhimento e a transparência seguem sendo pilares indispensáveis para que os candidatos se sintam respeitados e reconhecidos, mesmo em ambientes cada vez mais digitais.
Humanização além do recrutamento
Os impactos das práticas humanizadas não se limitam ao processo seletivo. Empresas que adotam essa abordagem fortalecem sua cultura organizacional, promovem um ambiente de trabalho mais saudável e aumentam a satisfação dos colaboradores. O investimento em bem-estar, comunicação aberta e equilíbrio entre vida pessoal e profissional contribui para equipes mais motivadas e produtivas.
A humanização no recrutamento não deve ser vista como uma tendência, mas como uma necessidade ao lidar com pessoas, e um valor para empresas que desejam crescer de forma sustentável e atrair os melhores talentos do mercado.
