
Diretor de Pessoas e Cultura explica como o RH pode conciliar cultura, bem-estar e resultados de longo prazo
O futuro das organizações deixou de ser um debate isolado na alta gestão e passou a ser uma responsabilidade compartilhada também com a área de Pessoas e Cultura. De acordo com um estudo da Deloitte, empresas com culturas organizacionais bem estruturadas e inclusivas registram 22% mais lucratividade e têm 27% mais capacidade de liderar mudanças.
O relatório global The State of Organizations 2024, da McKinsey, reforça essa relação entre cultura e desempenho, e aponta que empresas com um propósito claro e bem comunicado têm até 63% mais chances de crescer de forma sustentável. Além disso, apresentam índices 47% maiores de retenção de talentos e 55% superiores de fidelização de clientes.
Para Rennan Vilar, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional, a mensagem por trás desses dados reflete a realidade em que o RH ocupa, hoje, um papel estratégico, capaz de conectar cultura, desenvolvimento de pessoas e execução da estratégia, três elementos essenciais para navegar em um ambiente de negócios cada vez mais desafiador.
O RH como força estruturante da estratégia
Durante participação no RH Summit MG, organizado pela ABRH Minas, em Ipatinga, Vilar destacou que o papel do RH na definição do futuro das empresas é profundo e multifacetado. A atuação começa pelo mapeamento de competências críticas, passa pelo desenvolvimento de talentos e se estende à sustentação da cultura organizacional, elemento que considera central para o sucesso de qualquer estratégia.
Na visão do executivo, antecipar tendências e preparar a força de trabalho para diferentes cenários é uma das tarefas mais estratégicas da área. “O planejamento adequado evita gargalos de talentos e excessos de custos, otimizando a alocação de pessoas para o futuro”, afirma. Vilar reforça que a cultura deixou de ser um conjunto de valores no papel e passou a ser um instrumento de execução e um dos maiores diferenciais competitivos de longo prazo.
Tecnologia a serviço da humanização
Quando o assunto é tecnologia, o executivo acredita que a digitalização no RH deve ampliar, e não substituir, o olhar humano. A automação de processos libera tempo e energia para que a área atue de forma consultiva, próxima da liderança e focada no desenvolvimento de pessoas.
“A digitalização libera o RH de tarefas repetitivas. Assim, a área pode se dedicar ao que realmente importa: coaching de líderes, desenvolvimento de talentos e construção de cultura”, afirma. Sobre o uso de dados, o profissional destaca que “estratégias de people analytics colaboram para decisões mais justas e eficazes, criando intervenções mais direcionadas e humanas”.
Neste contexto, o futuro do RH será próspero nas organizações que conseguirem equilibrar tecnologia e sensibilidade, trabalhando a eficiência operacional sem abrir mão da empatia. Isso passa por remodelar a forma como gestores trabalham, e pede uma nova liderança mais humana, analítica e orientada ao futuro.
Para Vilar, a transformação no papel do RH redefine o perfil de liderança que as empresas precisam, uma vez que o líder contemporâneo deve ir além da gestão de resultados: é necessário articular cultura, promover inclusão, desenvolver pessoas e navegar com maturidade na complexidade do ambiente corporativo.
“Líderes que compreendem as necessidades de suas equipes, promovem diversidade e criam senso de pertencimento são fundamentais para inovação e engajamento”, destaca. Para o profissional, esse modelo de liderança não só amplia a capacidade de entrega, como garante sustentabilidade.
A relação entre humanização e performance é vista pelo executivo como algo natural e não conflitante, desde que bem orquestrada. “Equipes saudáveis são mais produtivas. Quando líderes priorizam o bem-estar, há menos estresse, melhor saúde mental e mais resiliência”, afirma. Ele lembra que ambientes humanizados também são mais seguros para experimentar e, portanto, mais propensos à inovação.
