Pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta estratégica que pode trazer insights importantes para a empresa, revelando a verdadeira percepção dos colaboradores sobre o ambiente e as condições de trabalho
O assunto aqui não é a famosa “rádio corredor”. Pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta séria e importante para sabermos o que realmente acontece nas entrelinhas dos diálogos corriqueiros entre todos os que compõem o staff da empresa. Nesse estudo, são avaliadas as formas como são vistas a própria empresa, a gestão, o ambiente e os grupos de trabalho, além de salários e benefícios. Para garantir a sinceridade nas respostas, é bom que fique claro que tudo deve ser feito de forma anônima.
Essa iniciativa abre um leque de consequências positivas. O primeiro, que é a razão desse trabalho, é identificar os pontos fortes, fracos e as expectativas das pessoas com relação à empresa. Dele, também surgem indicadores do que é possível mudar para melhorar. A reboque, vem o aumento da satisfação dos colaboradores, por se sentirem ouvidos. Em um segundo momento, surge a sensação de pertencimento e valorização ao verem seus anseios gerarem mudanças. As duas últimas consequências impactam na produtividade e nas relações interpessoais.
O pessoal do RH e as lideranças precisam manter as mentes abertas para que realmente se atinja um resultado satisfatório. O grupo de trabalho deve se empenhar, de imediato, em duas frentes: a comunicação com os colaboradores e o levantamento das perguntas que devem constar na pesquisa. É preciso envolver os funcionários: deixar claro o período em que o questionário estará disponível no sistema online, tirar eventuais dúvidas e fazê-los acreditar que suas respostas serão analisadas com atenção – daí a importância de se responder com honestidade e objetivamente.
Para elaborar as perguntas, o grupo deve mapear todas as áreas e situações que merecem ser incluídas, como relação com o gestor, colegas de ofício e relação entre áreas; o que pode melhorar na relação com os líderes; ambiente físico e emocional do trabalho, incluindo conforto, acessibilidade, segurança contra acidentes e área para o descanso previsto em lei; a imagem que os funcionários têm da empresa e de seus produtos e serviços; como eles acham que a empresa é vista pela sociedade; salários; possibilidades de promoção; qualidade dos benefícios e possíveis benefícios adicionais; facilidades ou dificuldades de locomoção entre casa e trabalho; e processos burocráticos. Essas são apenas algumas sugestões.
Aqui na SuperVia temos o privilégio de ter, entre grande parte dos nossos colaboradores, usuários do sistema de trens. Que termômetro melhor para entender a percepção do nosso cliente do que ouvir esses trabalhadores para, além de melhorar os processos da empresa, aprimorar nossa entrega ao público?
Cada empresa elabora um estilo de questionário, mas um dos mais recomendados é aquele que apresenta uma parte de múltipla escolha e uma para respostas discursivas, reunindo agilidade e profundidade. Após a primeira pesquisa de clima, a empresa pode estabelecer com que frequência deverá fazer as próximas. Pode ser a cada quatro meses, seis meses ou a cada ano.
Produtividade e marca
Com o resultado da pesquisa, é hora de mapear o que precisa ser implementado ou melhorado, quais as prioridades e informar os colaboradores sobre as mudanças que virão a partir das respostas deles. Esses ajustes levarão a um melhor desempenho da força de trabalho, o que impreterivelmente impactará positivamente nos resultados financeiros. Além disso, haverá um favorecimento da marca empregadora, chamando a atenção de profissionais de ponta para as vagas oferecidas pela empresa.
Kelly Coelho é head de RH, Segurança do Trabalho e Facilities da SuperVia
Opinião RH 